sexta-feira, 14 de setembro de 2007


Querias que te escrevesse um poema

Sobre malmequeres.

A noite arde e é tarde demais

Ofereço-te uma aria de Bach

Para que te acompanhe a pele da noite.

(Eu queria a noite como quem julga existir.

Aquela noite que esperamos infinitamente...

Sobrou-me o vácuo

De um vento incerto de quem nunca sabe se amanhece).

Existo na vírgula que separa a tua suposta virgindade

Da nossa certa sombra sobre os nenúfares do charco

Em que naufragamos ao amanhecer das coisas violentas,

Como o cristal que nos aquece a direcção do sonho.

Resfoleguemos sobre a verde erva

Que nos acaricia o ego e a sua negação;

Rebolemos enquanto a ceifa se perde na curva

E Caronte navega em nunca vistas enseadas de crédulos

Postos de chofre;


Alba Luna

Nenhum comentário: