Querias que te escrevesse um poema
Sobre malmequeres.
A noite arde e é tarde demais
Ofereço-te uma aria de Bach
Para que te acompanhe a pele da noite.
(Eu queria a noite como quem julga existir.
Aquela noite que esperamos infinitamente...
Sobrou-me o vácuo
De um vento incerto de quem nunca sabe se amanhece).
Existo na vírgula que separa a tua suposta virgindade
Da nossa certa sombra sobre os nenúfares do charco
Em que naufragamos ao amanhecer das coisas violentas,
Como o cristal que nos aquece a direcção do sonho.
Resfoleguemos sobre a verde erva
Que nos acaricia o ego e a sua negação;
Rebolemos enquanto a ceifa se perde na curva
E Caronte navega em nunca vistas enseadas de crédulos
Postos de chofre;
Alba Luna
Nenhum comentário:
Postar um comentário